terça-feira, 15 de julho de 2014

Tempo de florescer


"Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz."
Eclesiastes 3.1-8

Há tempos em que a única coisa que precisamos ou podemos fazer é esperar. Nada mais (como se isso fosse fácil, né).

Pense no menino que planta uma semente e todos os dias cava a terra para ver se ela está germinando. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Esperar é tão necessário quanto o plantio e a adubação.
Pense na borboleta… quem tenta ajudá-la a sair do casulo a mata.
Pense nos peixes que não estão mordendo a isca… bater com o remo na água não vai adiantar.
Pense na criança que está chorando e não está comendo. Empurrar mais comida não vai ajudar. O apetite volta quando a agonia vai embora. Isso leva tempo.


Espere. Espere. Es-pe-re.


Adoro flores. Tenho comprado orquídeas pra enfeitar minha casa e meu local de trabalho. Apesar de durar bastante tempo, uma hora as flores caem e aí a orquídea fica meio sem graça. Quando chegava esse tempo, eu simplesmente dava a orquídea pra alguém com mais paciência pra cuidar de plantas do que eu, mas dessa vez resolvi eu mesma cuidar.
Coloquei as orquídeas na varanda, com luz indireta, reguei 1x por semana tomando o cuidado de não deixar as raízes molhadas, e… nada.
Meses se passaram e as orquídeas continuaram as mesmas. Eu perseverei. Continuei fazendo o que deveria e eis que numa manhã de sábado descubro um broto novo, bem pequenininho, nascendo de um galho da orquídea. Quando me dei conta já tinha se passado 1 ano desde a última florada. Um ano é bastante tempo, mas eu esperei, e agora a minha alegria de ver os brotinhos é tão grande que supera em muito a espera de 1 ano!

Nossa visão é limitada e há mais coisas "invisíveis" do que podemos imaginar. Enquanto batemos com o remo na água, nada acontece… aliás, acontece… os peixes vão embora. Às vezes apressando ou forçando uma situação criamos cicatrizes que levam anos para se apagar. Às vezes o que precisamos é ficar em silêncio e recuar para que Deus possa agir e fazer a Sua obra. Quando chega a hora certa as coisas fluem muito naturalmente.

Relaxe, recue, silencie, espere. As orquídeas vão brotar.

Só mais uma coisa: essa foto que ilustrou o texto eu cliquei há 1 ano! Orquídeas sem flor no Jardim Botânico de São Paulo. Já gostava dela na época, mas hoje ganhou um significado especial.

Aline Cândido

Inspirado em devocionais do Charles R. Swindoll, citações de Rubem Alves e observação das orquídeas na minha varanda. ;-)

domingo, 4 de maio de 2014

Esperando o Inesperado



Fazia muito tempo que Horace Walpole não sorria. Tempo demais. A vida para ele tornara-se tão insípida quanto o clima na velha e monótona Inglaterra. Então, num dia triste de inverno, em 1754, enquanto lia um conto de fadas persa, o sorriso dele voltou. Escreveu logo depois a um amigo de longa data, contando-lhe a "estimulante abordagem da vida" que descobrira.

A história antiga falava de três príncipes da ilha de Ceilão que saíram à procura de grandes tesouros. Eles nunca encontraram o que buscavam, mas no caminho foram sendo continuamente surpreendidos por encantos que não haviam imaginado.
O nome original de Ceilão era Serendip, o que explica o título dessa história - "Os três príncipes de Serendip". A partir disso, Walpole cunhou a interessante palavra "serendipidade". Ela ocorre quando algo belo invade aquilo que é monótono e mundano. Uma vida serendipitosa é marcada por surpresas e espontaneidade. Quando perdemos nossa capacidade para qualquer delas, nos acomodamos na rotina da vida.

Embora eu venha andando com Deus há várias décadas, devo confessar que ainda encontro nele muitas coisas incompreensíveis e misteriosas. Isto, porém, eu sei: ele se agrada em surpreender-nos.
As palavras de Isaías me fazem sorrir a cada vez que as leio, porque vi sua verdade acontecer incontáveis vezes. Deus continua firme nesta promessa:
"Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo." Isaías 43.19


Sua situação pode ser tão aflitiva e árida quanto um deserto ou tão infeliz e insignificante quanto um lugar ermo. Quando alguém sugere que as coisas poderiam mudar, você pode ser tentado a dizer: "Não há saída" Tudo o que peço é que você leia esse versículo mais uma vez e fique à espera. Deus pode muito bem estar planejando uma "serendipitice" em sua vida.

Deus, há séculos, vem fazendo "uma coisa nova" nos desertos monótonos e nos lugares sombrios.

Fonte: Livro Dia a dia com Charles Swindoll

terça-feira, 29 de abril de 2014

Coisas que nos sufocam


Certa vez, enquanto lia o evangelho de Marcos, senti-me atraído pela cena do capítulo 4. Você deve lembrar, foi a ocasião em que Jesus sentou-se num pequeno barco junto à praia e falou sobre um lavrador que deixou cair sementes na terra. A mesma semente, solos diferentes, diferentes resultados. Quatro resultados, para ser exato.
Algumas sementes caíram ao lado do caminho… os pássaros as engoliram. Outras caíram num terreno rochoso… o sol as queimou e por não terem raízes, murcharam e morreram. Outras ainda caíram entre espinhos… sufocando de tal modo o crescimento que não houve colheita. Algumas sementes, entretanto, caíram em boa terra, produzindo grande safra. Então, Jesus explicou cada ponto.

Primeiro, ele disse que a semente representa “a palavra”. Creio que seja seguro afirmar que “a palavra” se refere à verdade. A verdade de Deus. Segundo, os diferentes solos representam as várias reações das pessoas a essa “palavra”. Os quatro solos “ouvem”, mas nem todos produzem colheita. Isso é importante. O fato de ouvir não garante nada. Os resultados dependem diretamente das condições do solo… e não da qualidade da semente. Se examinar de perto, você verá que faltam raízes aos dois primeiros grupos. Jesus só menciona frutos em relação aos dois últimos.

Penso ser óbvio que os dois primeiros grupos de pessoas não tem vida espiritual. Não tem raízes, fruto, crescimento ou qualquer tipo de mudança. O terceiro grupo ouve, mas só o quarto grupo “ouve a palavra e a aceita”, resultando em crescimento forte e saudável. É o terceiro grupo que me intriga. Essas pessoas ouvem tudo o que o quarto grupo ouve, mas as verdades não são realmente aceitas, não lhes é permitido que lancem raízes e cresçam. Em vez disso, os espinhos “sufocam a palavra e a tornam infrutífera”.
Espinhos que sufocam? Onde estão eles? Jesus não nos deixa no escuro. Eles são “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições” (Marcos 4.19). As preocupações começam como um fio de água muito fino escorrendo-nos pela mente. Se permitido, ele vai abrir um canal mais fundo, para o qual são levados outros pensamentos.

A terceira espécie de espinhos, é a verdadeira assassina, “as demais ambições”. Esse é o retrato da insatisfação, a tortura da busca: empurrando, espremendo, esticando e agarrando implacavelmente, enquanto nossa mente acaba sufocada pela mentira: “o suficiente não basta”.
Jesus terminou seu breve discurso com a frase familiar: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Marcos 4.9).

Quando os espinhos da vida nos arranham precisamos da tesoura de poda da Palavra.


REFLITA

A má notícia é esta: ouvir não vai afastar os espinhos: por mais que nos concentremos e aceitemos os ensinamentos de Jesus. Os espinhos surgem no território chamado depravação.
A boa notícia é esta: ouvir - quero dizer, dar atenção de fato à semente - resulta em raízes mais profundas e fruto maior. Os espinhos não podem sufocar esse crescimento saudável.
Jesus continua falando, mas se não tivermos cuidado, vamos deixar que nosso sufocamento mental abafe sua voz. As coisas que nos sufocam crescem bem em ambientes confortáveis, ainda que pareçamos estar ouvindo.
De que forma esses espinhos podem estar invadindo sua vida?
Preocupações?
A fascinação da riqueza?
As demais ambições?

Fonte: Livro Dia a dia com Charles Swindoll

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Espelho, espelho meu...



Acabei de ler um texto escrito por um colega de profissão, que usou as entrelinhas para se exaltar e contar seus feitos. Não raro, encontramos outras pessoas tão cheias de si que se elogiam abertamente, com naturalidade.
Sempre quando vejo essa situação lembro de Provérbios 27.2:
“Ninguém elogie a si mesmo. Se houver elogios, que venham dos outros”.
Coincidência ou não, acabei de receber um texto em meu e-mail cujo título é “A auto-descrição de Jesus”.

Há na Bíblia um versículo onde Jesus se descreveu com suas próprias palavras. E usou apenas duas para isso. Ele poderia ter dito: “eu sou sábio e poderoso”, ou “sou santo e eterno” ou ainda “sou onisciente e absolutamente divino”, e todas essas descrições estariam corretas. Mas veja só como ele se descreveu:

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.” (Mateus 11.28-29)

Eu sou manso. Eu sou humilde. Esses são termos de servidão. Manso e humilde não denotam fraqueza ou insignificância, mas sim altruísmo e consideração.

O maior propósito de Deus é nos tornar cada vez mais semelhantes a Jesus, conforme diz o texto de Romanos 8.28-29: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogenitor entre muitos irmãos”.

Quer semelhança maior do que nos encaixarmos na auto-descrição de Jesus?
Alguém aí pode se descrever como manso e humilde de coração?

Hmm… acho que não. Mas tomar consciência do próprio pecado  já é um grande passo. Que Deus nos ajude a cada dia e nos transforme à sua imagem e semelhança.

Aline Cândido

Fonte: Improving your serve: the art of unselfish living. Charles R. Swindoll, Inc.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

É hoje!


Viramos a folhinha do calendário e fazemos planos para o ano novo. Acho importante traçar algumas metas, mas mais importante ainda é saber viver o dia de hoje. Costumo me planejar mas nos últimos anos estou aprendendo a viver cada dia intensamente. Muitos me perguntam se não tenho saudades da época em que minha filha era um bebê. E eu respondo sem dúvidas: não, não tenho. E não é porque foi uma época ruim, ou porque ela me deu muito trabalho, nada disso. Não tenho saudades simplesmente porque vivi cada dia intensamente. Me concentrei 100% no que estava fazendo. Vivi cada dia como se fosse o último. E hoje não penso nos dias que se foram - hoje eu vivo o HOJE.

Dias atrás li um texto do Pr. Chuck Swindoll que falava sobre isso. Ele dizia que a cada amanhecer chega à nossa porta um novo pacote chamado "Hoje". E que Deus nos criou de tal forma que podemos lidar apenas com um pacote de cada vez. Por isso Jesus nos ensinou a orar "o pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mateus 6.11). Podemos nos preocupar e ansiar pelo dia de amanhã, mas em vão, pois "quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?" (Mateus 6.27).

Por mais que tentemos, não temos controle sobre os dias que virão. "Ao homem pertencem os planos do coração, mas do Senhor vem a resposta da língua" (Provérbios 16:1).

Eu sei, eu sei, não é fácil. Quanto mais o tempo passa e nos damos conta das responsabilidades e cargas que a vida traz, mais ansiosos e preocupados ficamos. É um exercício diário voltar aos braços do Pai e nos submetermos a Ele, "lançando sobre ele as nossas ansiedades, pois Ele tem cuidado de nós" (1Pedro 5.7).

Depois de ensinar a oração do Pai Nosso, Jesus disse: "…Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal" (Mateus 6:34).

Outros versículos vieram à minha mente sobre esse mesmo assunto:

"Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus." (Filipenses 4:6-7)

"Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!" (Lamentações 3:22-23)


Desejo um Feliz 2014 para todos, mas acima de tudo: um maravilhoso HOJE pra você!


Aline Cândido

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Texto original do Pr. Chuck Swindoll: http://www.insight.org/resources/devotionals/determination.html

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O invisível


Quem nunca ficou curioso para saber como era um formigueiro por dentro? Eu sim. O que não é visível aos olhos humanos fascina e nos deixa curiosos.
Eu tenho muita curiosidade para saber, por exemplo, o que Deus está fazendo enquanto oro sobre determinado assunto.
No livro de Daniel diz que assim ele começou a orar, Deus enviou o anjo Gabriel com a resposta da oração.

Enquanto eu estava falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu povo, e fazendo o meu pedido ao Senhor, ao meu Deus, em favor do seu santo monte; enquanto eu ainda estava em oração, Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio a mim, voando rapidamente para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu e me disse: "Daniel, agora vim para dar-lhe percepção e entendimento. Assim que você começou a orar, houve uma resposta, que eu lhe trouxe porque você é muito amado. (Daniel 9.20-23)

Imagine que cenas veríamos se Deus nos mostrasse por um momento o que acontece no reino espiritual? Veríamos diálogos entre os anjos? Batalhas entre anjos e demônios? Talvez veríamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo comentando (ou mesmo rindo ou chorando) ao ouvirem algumas das nossas orações?

A bíblia tem 66 livros e muitas revelações de Deus para nós. Mesmo com tanto conteúdo, queremos decifrar o que não foi revelado, o que permanece invisível.

Minha curiosidade não tem fim, mas por ora, o que me basta é orar, crer e confiar de que o Deus que me vê em secreto, me recompensará (Mateus 6.18).

Ah, e sobre o formigueiro, alguns cientistas bastante curiosos descobriram exatamente como ele é por dentro. Quer ver? http://www.folhasocial.com/2013/10/biologos-enchem-formigueiro-com-cimento.html?m=1

Assim como eu fiquei surpresa com o tamanho e a estrutura de um formigueiro que mais parece uma cidade, talvez me surpreenda também com algumas respostas de oração que ainda estão invisíveis.

Vamos continuar construindo nosso formigueiro dia após dia em oração. 

Aline Cândido

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Veja só como eu cresci!


Cheguei em casa depois de uma longa viagem de trabalho. Meus filhos me cercaram na porta e disputavam meu abraço.
Enquanto me contavam as novidades, o mais novo me puxou pelo braço e disse: venha ver papai! Venha ver quanto eu cresci!

Na nossa família é costume fazer marcas na porta de tempos em tempos para acompanhar o crescimento das crianças. É incrível como às vezes elas tem surtos de crescimento!
Os dois me mostraram suas marcas no batente da porta e o mais velho perguntou: e vc papai? Quanto cresceu nesse tempo que ficou fora?

Fiquei pensativo. Para os meus filhos eu nunca paro de crescer. Sei que eles não pensaram nisso mas na minha mente pensei em crescimento espiritual.

No começo da vida cristã (assim como na infância) o crescimento é rápido e constante. Mas em algum momento da minha vida parei de crescer. As minhas marcas no batente são antigas... Quanto eu cresci espiritualmente quando comparado ao ano passado? E quando comparado ao mês passado?

Sei que Deus tem inúmeras maneiras de nos ajudar a crescer, mas não depende somente dEle. O crescimento físico é natural, mas o espiritual depende também do nosso esforço.


Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre.
1 Coríntios 10:25
Preciso ler, ouvir e praticar a Palavra de Deus... olhando para os meus filhos pude perceber que não posso parar de crescer!


De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido!
Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça.
Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal. 
Hebreus 5:12-14
 
Aline Cândido

Inspirado no devocional "Medindo o crescimento espiritual"- Livro Dia a Dia com Charles Swindoll


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Contabilidade na Parábola do Filho Pródigo


Na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32), vemos que o filho mais novo pediu ao pai sua parte na herança e se mandou pelo mundo. Caiu na farra, gastou tudo, passou fome, foi cuidar de porcos e lembrou-se de que na casa do seu pai, os empregados tinham vida melhor do que a dele. Voltou arrependido, pediu para ser tratado como empregado, mas o pai, ao vê-lo ainda longe, correu ao seu encontro, o abraçou e o beijou, deu-lhe roupas novas e ordenou uma grande festa.

Acho linda essa ilustração de como Deus age conosco quando pecamos e nos arrependemos. Ele nos perdoa sempre e nos recebe com alegria. Que consolo!

O filho mais novo se achava devedor, mas seu pai respondeu: "Filho, eu não somo débitos."

A história poderia ter terminado aí, mas não. Tem a parte do irmão mais velho. Ele era justo, trabalhador e leal. Quando voltou do trabalho, ouviu a música, sentiu o cheiro do churrasco, ficou sabendo do que acontecia. Ficou ofendido, furioso. Tinha se dedicado durante anos e nunca havia desobedecido uma só ordem do pai. Porém nunca recebeu um cabrito sequer para festejar com os amigos. Seu pai disse: "Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu."

Sempre que eu lia essa parábola pensava: "Poxa vida, coitado do filho mais velho. Ele bem que merecia muito mais do que um cabrito". É assim que pensam a maioria dos seres humanos: se eu erro, mereço perdão. Mas se eu acerto, mereço recompensa.

O filho mais velho se achava credor, mas seu pai respondeu: "Filho, eu não somo créditos".

Os dois irmãos eram iguais um ao outro: somavam débitos e créditos. Um achava que estava em falta com o pai e deveria ser punido por isso. O outro achava que tinha se comportado bem nos últimos anos e por isso merecia favores. Seres humanos… sempre fazendo contas.

O único que não calculava era o pai. O amor de Deus não leva em consideração virtudes nem pecados. Ele ama porque ama. Sem porquês. Sem razões. A isso chamamos Graça!

"Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. […] No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. […] Nós amamos porque ele amou primeiro." 1João 4.16-19

Aline Cândido
Texto baseado na crônica "Sem contabilidade" de Rubem Alves

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Lucas 15:11-32
Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles.
"Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.
Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade.
Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos.
Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
"Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!
Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti.
Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’.
A seguir, levantou-se e foi para seu pai. "Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou.
"O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’.
"Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés.
Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar.
Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar.
"Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança.
Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’.
"O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele.
Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos.
Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’
"Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu.
Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ ".

domingo, 26 de maio de 2013

Socorro!


Socorro! - ela gritou. Tão alto quanto pode, que dentro de si sentiu reverberar o grito em cada órgão como se fossem tambores.
Socorro! - disse outra vez, dessa vez com a voz embargada e lágrimas descendo pelo rosto.

Olhou para todos os lados, procurou saídas mas se viu sozinha no meio da estrada. A poeira ao redor a impedia de ver (e voltar) pelo caminho que tinha vindo. À sua volta apenas galhos secos e terra rachada. Nenhum sinal de vida nem da alegria dos primeiros anos.
A paisagem se transformou e ela nem percebeu, tão ocupada que estava em somente seguir em frente, sem pestanejar.
"Aos fracos a desistência, eu vou prosseguir", ela pensava.
Até que nesse dia, seu relógio parou, suas pernas travaram e ela deixou de caminhar.
Sentou, como se pudesse descansar um pouco e apreciar a paisagem depois de sua longa caminhada.
Mas primeiro veio o silêncio. Depois o eco devolveu-lhe o grito de socorro.
Estava só. Viu seu rosto refletido (e distorcido) numa pequena poça no chão. Os anos lhe pesaram no rosto e as lembranças que aos poucos foram colonizando sua mente a faziam ainda mais infeliz.

Repentinamente dormiu, tão pesado quanto à pedra que lhe servia de travesseiro.

Acordou com pingos grossos em seu rosto. Era chuva, chuva de Graça que vinha do céu. Não procurou abrigo, queria se molhar completamente e ver escorrer toda a sujeira que tinha acumulado naquela estrada empoeirada.
Ficou imóvel por um tempo, apenas sentindo a chuva lavar-lhe a alma. E foi então que ela descobriu a saída: De joelhos. Sim, caminhando de joelhos ela sairia daquela estrada na direção certa.

Para ler ouvindo "On my knees", de Nicole Coleman-mullins
Versão em português, "De joelhos", interpretada por Eduardo e Silvana.

Aline Cândido

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Detalhes


Recentemente pesquisadores descobriram 15 novas espécies de aves na Amazônia. Há alguns anos se a ave encontrada fosse fisicamente diferente das outras era considerada uma espécie nova. Hoje em dia outros critérios "menos visíveis" como sons e canto diferentes são suficientes para diferenciar e catalogar novas espécies.

Que Deus é esse que cria milhares de espécies de aves com infinitas variações de tamanho, forma, cores e sons? Só no Brasil catalogaram até hoje cerca de 1840 espécies (e pelo jeito ainda há outras aves a serem descobertas).

O Deus que caprichou nos detalhes de toda a Criação é o mesmo que deu ordens específicas a Noé para construir a arca:
"Faça uma arca de madeira cipreste; [...] faça-a com 135 m de comprimento, 22 m de largura e 13,5 m de altura. Faça-lhe um teto com um vão de 45 cm entre o teto e o corpo da arca. Coloque uma porta lateral na arca e faça um andar superior, um médio e um inferior" Gênesis 6.14-16

Esse mesmo Deus descreveu em detalhes como deveria ser o tabernáculo (a tenda especial que serviu de templo para os judeus no deserto):
"E farão um santuário para mim e eu habitarei no meio deles. Façam tudo como eu lhe mostrar, conforme o modelo do tabernáculo e de cada utensílio" Êxodo 25.8-9

E nos capítulos seguintes de Êxodo o Grande Arquiteto determina tamanhos, materiais e acabamentos de cada elemento do seu tabernáculo. Tim tim por tim tim.

Você com certeza já olhou para um céu estrelado e não pôde contar a quantidade de estrelas. Pois o Salmo 147.4 diz que Deus "determina o número de estrelas e chama cada uma pelo nome".

Veja o corpo humano e observe como cada coisa tem seu lugar e sua função.

Deus pensou em todos os detalhes.
Ele nos conhece por inteiro (e não superficialmente). Ele se importa.
E se buscarmos a sua orientação para cada detalhe da nossa vida Ele vai dar todas as instruções de que precisamos.

"Desvia os meus olhos das coisas inúteis, faze-me viver nos caminhos que traçaste". Salmo 119.37

Aline Cândido