quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

De mudança


Ela pega a primeira caixa de papelão e começa a encaixotar seus discos. Ela está de mudança, por dentro e por fora.

Quantas coisas ela tem, mas não são dispensáveis. Cada pertence carrega consigo uma lembrança, uma alegria, uma vitória, um marco em sua vida.
No meio dos discos encontra uma joia, um disco sem capa, sem letras, perdido no meio dos seus pares.

Ela põe o disco na velha vitrola e ouve com atenção, apenas para identificar qual era o artista, as músicas.

E então uma voz fala com ela, parece vir de dentro, mas vem da vitrola: "Óh Deus, tu és o meu Deus forte, a minha fortaleza. Minha alma tem sede de ti Senhor… debaixo da tuas asas encontro abrigo". 1

"Como são verdadeiras essas palavras!", ela pensou. Sabe quando você quer falar algo e não encontra as palavras, e aí vem uma música e diz tudo? Foi assim com ela naquele momento.

Ela continuou a ouvir e a dizer aquelas palavras em voz alta: "Tantas coisas pra pensar, tantas coisas pra lembrar. Algumas coisas pra sorrir, muitas outras pra chorar… quem vai ouvir a minha voz? Quem vai enxugar as minhas lágrimas?" 2

Aquele disco não era dela, mas as músicas pareciam ser de sua autoria. Continuou a cantar: "Somos jovens que crêem no Deus vivo, que enviou o seu filho para nos salvar. Aleluia!" 3

Lembrou da sua vida, de quem era há alguns anos, da mudança que já tinha ocorrido dentro dela e de outras pelas quais estava passando naquele momento. "Estaria eu em eterna mudança?", pensou.

Pegou outro disco e posicionou a agulha no lugar exato onde o cantor falava:

"Tapeceiro, grande artista, vai fazendo o seu trabalho.
Incansável, paciente no seu tear.
Tapeceiro não se engana, sabe o fim desde o começo.
Traça voltas, mil desvios, sem perder o fio.

Minha vida é obra de tapeçaria, é tecida de cores alegres e vivas que fazem contraste no meio das cores nubladas e tristes.
Se você olha do avesso, nem imagina o desfecho.
No fim das contas, tudo se explica, tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem.

Quando se vê pelo lado certo, muda-se logo a expressão do rosto. Obra de arte, pra honra e glória do Tapeceiro.

Quando se vê pelo lado certo, todas as cores da minha vida,
dignificam a Jesus Cristo, o Tapeceiro." 4


Era impressão dela ou tinha mais alguém na sala? Seria o Tapeceiro sussurrando aos seus ouvidos? Nem percebeu que as horas passaram depressa. Quando a companhia é boa o relógio não impera.

Guardou de volta os discos na caixa preparando-se para as mudanças que viriam adiante.

Por fim cantou: "Madrugada, foge o sono, e é tão bom saber que estás aqui, Senhor! … Sem ti a vida é vã, sem razão passará." 5
Aline Cândido

1. Trecho da música "Deus Eterno", da Oficina G3
2. Trecho da música "Quem", da Oficina G3
3. Trecho da música "Naves imperiais", da Oficina G3
4. Trecho da música "Tapeceiro", de João Alexandre
5. Trecho da música "Manhã", de Stenio Marcius, regravada por João Alexandre

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jonas x Nínive



Jonas é um dos menores profetas da Bíblia, mas há muitas lições nos 4 capítulos desse pequeno grande livro.

Jonas recebeu uma missão de Deus: ir até Nínive (uma cidade grande com cerca de 120 mil habitantes) e pregar contra ela. Deus decidiu destrui-la pois os ninivitas eram maus.

Sabemos que Jonas fugiu da responsabilidade indo de navio na direção oposta à Nínive (Társis). Deus mandou uma tempestade e quando os marinheiros descobriram que Jonas era o culpado de toda aquela situação, jogaram-no ao mar enfurecido.
No mar Jonas foi engolido por um grande peixe e ficou na barriga dele por 3 dias e 3 noites. Depois de se arrepender e orar a Deus, o peixe o vomitou em terra firme.

Quantas consequências Jonas sofreu por desobedecer a Deus! Olhando de longe parece até que Deus é um deus mau, que castiga quem o desobedece. Mas na verdade Deus faz isso porque nos ama. "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito." (Romanos 8.28). 
Além de querer o bem de Jonas, Deus queria o bem de Nínive.

Por fim Jonas foi até lá e pregou o que Deus tinha mandado. Diz o texto que "os ninivitas creram em Deus. Proclamaram um jejum, e todos eles, do maior ao menor, vestiram-se de pano de saco" (Jonas 3.5).

Até mesmo o rei saiu do seu trono, tirou o manto real, vestiu-se de pano de saco e sentou-se sobre cinza (um grande exemplo para os líderes de hoje!). O rei proclamou um jejum e todo o povo clamou a Deus, deixou os seus maus caminhos e a violência (Jonas 3.8).

Deus mudou o curso da história e decidiu não mais destruir Nínive. Não por causa da roupa que o povo vestiu, mas por causa da intenção sincera do coração deles. Não adianta se vestir de pano de saco se o coração continua endurecido, fechado, sem ouvir aquilo que Deus está falando. O verdadeiro jejum não é interesseiro (eu deixo de comer isto para Deus me dar aquilo). Fazer um jejum é abrir mão de coisas que se gosta para receber o que Deus quer dar. O rei disse: "Clamem a Deus… talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos" (Jonas 3.9). 

Jonas ouviu, não obedeceu e passou por diversas situações ruins até que se colocasse de novo dentro da vontade de Deus. Mas o povo de Nínive não precisou passar pelo drama que Jonas passou, porque desde o início eles ouviram a Deus, creram e se submeteram à Palavra dEle.

Olhe pra sua vida e reflita. Onde você está nesse momento? Talvez como Jonas no início, fugindo para Társis para não fazer a vontade de Deus. Talvez dentro da barriga do peixe, sofrendo, sem esperança para a vida. Ou talvez como o povo de Nínive no final da história, com o coração quebrantado, arrependido, desejoso de ouvir e obedecer a vontade de Deus. 

É aí que eu quero estar! 

Aline Cândido