terça-feira, 29 de abril de 2014

Coisas que nos sufocam


Certa vez, enquanto lia o evangelho de Marcos, senti-me atraído pela cena do capítulo 4. Você deve lembrar, foi a ocasião em que Jesus sentou-se num pequeno barco junto à praia e falou sobre um lavrador que deixou cair sementes na terra. A mesma semente, solos diferentes, diferentes resultados. Quatro resultados, para ser exato.
Algumas sementes caíram ao lado do caminho… os pássaros as engoliram. Outras caíram num terreno rochoso… o sol as queimou e por não terem raízes, murcharam e morreram. Outras ainda caíram entre espinhos… sufocando de tal modo o crescimento que não houve colheita. Algumas sementes, entretanto, caíram em boa terra, produzindo grande safra. Então, Jesus explicou cada ponto.

Primeiro, ele disse que a semente representa “a palavra”. Creio que seja seguro afirmar que “a palavra” se refere à verdade. A verdade de Deus. Segundo, os diferentes solos representam as várias reações das pessoas a essa “palavra”. Os quatro solos “ouvem”, mas nem todos produzem colheita. Isso é importante. O fato de ouvir não garante nada. Os resultados dependem diretamente das condições do solo… e não da qualidade da semente. Se examinar de perto, você verá que faltam raízes aos dois primeiros grupos. Jesus só menciona frutos em relação aos dois últimos.

Penso ser óbvio que os dois primeiros grupos de pessoas não tem vida espiritual. Não tem raízes, fruto, crescimento ou qualquer tipo de mudança. O terceiro grupo ouve, mas só o quarto grupo “ouve a palavra e a aceita”, resultando em crescimento forte e saudável. É o terceiro grupo que me intriga. Essas pessoas ouvem tudo o que o quarto grupo ouve, mas as verdades não são realmente aceitas, não lhes é permitido que lancem raízes e cresçam. Em vez disso, os espinhos “sufocam a palavra e a tornam infrutífera”.
Espinhos que sufocam? Onde estão eles? Jesus não nos deixa no escuro. Eles são “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições” (Marcos 4.19). As preocupações começam como um fio de água muito fino escorrendo-nos pela mente. Se permitido, ele vai abrir um canal mais fundo, para o qual são levados outros pensamentos.

A terceira espécie de espinhos, é a verdadeira assassina, “as demais ambições”. Esse é o retrato da insatisfação, a tortura da busca: empurrando, espremendo, esticando e agarrando implacavelmente, enquanto nossa mente acaba sufocada pela mentira: “o suficiente não basta”.
Jesus terminou seu breve discurso com a frase familiar: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Marcos 4.9).

Quando os espinhos da vida nos arranham precisamos da tesoura de poda da Palavra.


REFLITA

A má notícia é esta: ouvir não vai afastar os espinhos: por mais que nos concentremos e aceitemos os ensinamentos de Jesus. Os espinhos surgem no território chamado depravação.
A boa notícia é esta: ouvir - quero dizer, dar atenção de fato à semente - resulta em raízes mais profundas e fruto maior. Os espinhos não podem sufocar esse crescimento saudável.
Jesus continua falando, mas se não tivermos cuidado, vamos deixar que nosso sufocamento mental abafe sua voz. As coisas que nos sufocam crescem bem em ambientes confortáveis, ainda que pareçamos estar ouvindo.
De que forma esses espinhos podem estar invadindo sua vida?
Preocupações?
A fascinação da riqueza?
As demais ambições?

Fonte: Livro Dia a dia com Charles Swindoll

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Espelho, espelho meu...



Acabei de ler um texto escrito por um colega de profissão, que usou as entrelinhas para se exaltar e contar seus feitos. Não raro, encontramos outras pessoas tão cheias de si que se elogiam abertamente, com naturalidade.
Sempre quando vejo essa situação lembro de Provérbios 27.2:
“Ninguém elogie a si mesmo. Se houver elogios, que venham dos outros”.
Coincidência ou não, acabei de receber um texto em meu e-mail cujo título é “A auto-descrição de Jesus”.

Há na Bíblia um versículo onde Jesus se descreveu com suas próprias palavras. E usou apenas duas para isso. Ele poderia ter dito: “eu sou sábio e poderoso”, ou “sou santo e eterno” ou ainda “sou onisciente e absolutamente divino”, e todas essas descrições estariam corretas. Mas veja só como ele se descreveu:

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.” (Mateus 11.28-29)

Eu sou manso. Eu sou humilde. Esses são termos de servidão. Manso e humilde não denotam fraqueza ou insignificância, mas sim altruísmo e consideração.

O maior propósito de Deus é nos tornar cada vez mais semelhantes a Jesus, conforme diz o texto de Romanos 8.28-29: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogenitor entre muitos irmãos”.

Quer semelhança maior do que nos encaixarmos na auto-descrição de Jesus?
Alguém aí pode se descrever como manso e humilde de coração?

Hmm… acho que não. Mas tomar consciência do próprio pecado  já é um grande passo. Que Deus nos ajude a cada dia e nos transforme à sua imagem e semelhança.

Aline Cândido

Fonte: Improving your serve: the art of unselfish living. Charles R. Swindoll, Inc.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

É hoje!


Viramos a folhinha do calendário e fazemos planos para o ano novo. Acho importante traçar algumas metas, mas mais importante ainda é saber viver o dia de hoje. Costumo me planejar mas nos últimos anos estou aprendendo a viver cada dia intensamente. Muitos me perguntam se não tenho saudades da época em que minha filha era um bebê. E eu respondo sem dúvidas: não, não tenho. E não é porque foi uma época ruim, ou porque ela me deu muito trabalho, nada disso. Não tenho saudades simplesmente porque vivi cada dia intensamente. Me concentrei 100% no que estava fazendo. Vivi cada dia como se fosse o último. E hoje não penso nos dias que se foram - hoje eu vivo o HOJE.

Dias atrás li um texto do Pr. Chuck Swindoll que falava sobre isso. Ele dizia que a cada amanhecer chega à nossa porta um novo pacote chamado "Hoje". E que Deus nos criou de tal forma que podemos lidar apenas com um pacote de cada vez. Por isso Jesus nos ensinou a orar "o pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (Mateus 6.11). Podemos nos preocupar e ansiar pelo dia de amanhã, mas em vão, pois "quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?" (Mateus 6.27).

Por mais que tentemos, não temos controle sobre os dias que virão. "Ao homem pertencem os planos do coração, mas do Senhor vem a resposta da língua" (Provérbios 16:1).

Eu sei, eu sei, não é fácil. Quanto mais o tempo passa e nos damos conta das responsabilidades e cargas que a vida traz, mais ansiosos e preocupados ficamos. É um exercício diário voltar aos braços do Pai e nos submetermos a Ele, "lançando sobre ele as nossas ansiedades, pois Ele tem cuidado de nós" (1Pedro 5.7).

Depois de ensinar a oração do Pai Nosso, Jesus disse: "…Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal" (Mateus 6:34).

Outros versículos vieram à minha mente sobre esse mesmo assunto:

"Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus." (Filipenses 4:6-7)

"Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!" (Lamentações 3:22-23)


Desejo um Feliz 2014 para todos, mas acima de tudo: um maravilhoso HOJE pra você!


Aline Cândido

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Texto original do Pr. Chuck Swindoll: http://www.insight.org/resources/devotionals/determination.html

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O invisível


Quem nunca ficou curioso para saber como era um formigueiro por dentro? Eu sim. O que não é visível aos olhos humanos fascina e nos deixa curiosos.
Eu tenho muita curiosidade para saber, por exemplo, o que Deus está fazendo enquanto oro sobre determinado assunto.
No livro de Daniel diz que assim ele começou a orar, Deus enviou o anjo Gabriel com a resposta da oração.

Enquanto eu estava falando e orando, confessando o meu pecado e o pecado de Israel, meu povo, e fazendo o meu pedido ao Senhor, ao meu Deus, em favor do seu santo monte; enquanto eu ainda estava em oração, Gabriel, o homem que eu tinha visto na visão anterior, veio a mim, voando rapidamente para onde eu estava, à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu e me disse: "Daniel, agora vim para dar-lhe percepção e entendimento. Assim que você começou a orar, houve uma resposta, que eu lhe trouxe porque você é muito amado. (Daniel 9.20-23)

Imagine que cenas veríamos se Deus nos mostrasse por um momento o que acontece no reino espiritual? Veríamos diálogos entre os anjos? Batalhas entre anjos e demônios? Talvez veríamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo comentando (ou mesmo rindo ou chorando) ao ouvirem algumas das nossas orações?

A bíblia tem 66 livros e muitas revelações de Deus para nós. Mesmo com tanto conteúdo, queremos decifrar o que não foi revelado, o que permanece invisível.

Minha curiosidade não tem fim, mas por ora, o que me basta é orar, crer e confiar de que o Deus que me vê em secreto, me recompensará (Mateus 6.18).

Ah, e sobre o formigueiro, alguns cientistas bastante curiosos descobriram exatamente como ele é por dentro. Quer ver? http://www.folhasocial.com/2013/10/biologos-enchem-formigueiro-com-cimento.html?m=1

Assim como eu fiquei surpresa com o tamanho e a estrutura de um formigueiro que mais parece uma cidade, talvez me surpreenda também com algumas respostas de oração que ainda estão invisíveis.

Vamos continuar construindo nosso formigueiro dia após dia em oração. 

Aline Cândido

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Veja só como eu cresci!


Cheguei em casa depois de uma longa viagem de trabalho. Meus filhos me cercaram na porta e disputavam meu abraço.
Enquanto me contavam as novidades, o mais novo me puxou pelo braço e disse: venha ver papai! Venha ver quanto eu cresci!

Na nossa família é costume fazer marcas na porta de tempos em tempos para acompanhar o crescimento das crianças. É incrível como às vezes elas tem surtos de crescimento!
Os dois me mostraram suas marcas no batente da porta e o mais velho perguntou: e vc papai? Quanto cresceu nesse tempo que ficou fora?

Fiquei pensativo. Para os meus filhos eu nunca paro de crescer. Sei que eles não pensaram nisso mas na minha mente pensei em crescimento espiritual.

No começo da vida cristã (assim como na infância) o crescimento é rápido e constante. Mas em algum momento da minha vida parei de crescer. As minhas marcas no batente são antigas... Quanto eu cresci espiritualmente quando comparado ao ano passado? E quando comparado ao mês passado?

Sei que Deus tem inúmeras maneiras de nos ajudar a crescer, mas não depende somente dEle. O crescimento físico é natural, mas o espiritual depende também do nosso esforço.


Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre.
1 Coríntios 10:25
Preciso ler, ouvir e praticar a Palavra de Deus... olhando para os meus filhos pude perceber que não posso parar de crescer!


De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido!
Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça.
Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal. 
Hebreus 5:12-14
 
Aline Cândido

Inspirado no devocional "Medindo o crescimento espiritual"- Livro Dia a Dia com Charles Swindoll


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Contabilidade na Parábola do Filho Pródigo


Na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32), vemos que o filho mais novo pediu ao pai sua parte na herança e se mandou pelo mundo. Caiu na farra, gastou tudo, passou fome, foi cuidar de porcos e lembrou-se de que na casa do seu pai, os empregados tinham vida melhor do que a dele. Voltou arrependido, pediu para ser tratado como empregado, mas o pai, ao vê-lo ainda longe, correu ao seu encontro, o abraçou e o beijou, deu-lhe roupas novas e ordenou uma grande festa.

Acho linda essa ilustração de como Deus age conosco quando pecamos e nos arrependemos. Ele nos perdoa sempre e nos recebe com alegria. Que consolo!

O filho mais novo se achava devedor, mas seu pai respondeu: "Filho, eu não somo débitos."

A história poderia ter terminado aí, mas não. Tem a parte do irmão mais velho. Ele era justo, trabalhador e leal. Quando voltou do trabalho, ouviu a música, sentiu o cheiro do churrasco, ficou sabendo do que acontecia. Ficou ofendido, furioso. Tinha se dedicado durante anos e nunca havia desobedecido uma só ordem do pai. Porém nunca recebeu um cabrito sequer para festejar com os amigos. Seu pai disse: "Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu."

Sempre que eu lia essa parábola pensava: "Poxa vida, coitado do filho mais velho. Ele bem que merecia muito mais do que um cabrito". É assim que pensam a maioria dos seres humanos: se eu erro, mereço perdão. Mas se eu acerto, mereço recompensa.

O filho mais velho se achava credor, mas seu pai respondeu: "Filho, eu não somo créditos".

Os dois irmãos eram iguais um ao outro: somavam débitos e créditos. Um achava que estava em falta com o pai e deveria ser punido por isso. O outro achava que tinha se comportado bem nos últimos anos e por isso merecia favores. Seres humanos… sempre fazendo contas.

O único que não calculava era o pai. O amor de Deus não leva em consideração virtudes nem pecados. Ele ama porque ama. Sem porquês. Sem razões. A isso chamamos Graça!

"Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. […] No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. […] Nós amamos porque ele amou primeiro." 1João 4.16-19

Aline Cândido
Texto baseado na crônica "Sem contabilidade" de Rubem Alves

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Lucas 15:11-32
Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles.
"Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.
Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade.
Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos.
Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
"Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!
Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti.
Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’.
A seguir, levantou-se e foi para seu pai. "Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou.
"O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’.
"Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés.
Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar.
Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar.
"Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança.
Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo.
Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’.
"O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele.
Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos.
Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’
"Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu.
Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ ".

domingo, 26 de maio de 2013

Socorro!


Socorro! - ela gritou. Tão alto quanto pode, que dentro de si sentiu reverberar o grito em cada órgão como se fossem tambores.
Socorro! - disse outra vez, dessa vez com a voz embargada e lágrimas descendo pelo rosto.

Olhou para todos os lados, procurou saídas mas se viu sozinha no meio da estrada. A poeira ao redor a impedia de ver (e voltar) pelo caminho que tinha vindo. À sua volta apenas galhos secos e terra rachada. Nenhum sinal de vida nem da alegria dos primeiros anos.
A paisagem se transformou e ela nem percebeu, tão ocupada que estava em somente seguir em frente, sem pestanejar.
"Aos fracos a desistência, eu vou prosseguir", ela pensava.
Até que nesse dia, seu relógio parou, suas pernas travaram e ela deixou de caminhar.
Sentou, como se pudesse descansar um pouco e apreciar a paisagem depois de sua longa caminhada.
Mas primeiro veio o silêncio. Depois o eco devolveu-lhe o grito de socorro.
Estava só. Viu seu rosto refletido (e distorcido) numa pequena poça no chão. Os anos lhe pesaram no rosto e as lembranças que aos poucos foram colonizando sua mente a faziam ainda mais infeliz.

Repentinamente dormiu, tão pesado quanto à pedra que lhe servia de travesseiro.

Acordou com pingos grossos em seu rosto. Era chuva, chuva de Graça que vinha do céu. Não procurou abrigo, queria se molhar completamente e ver escorrer toda a sujeira que tinha acumulado naquela estrada empoeirada.
Ficou imóvel por um tempo, apenas sentindo a chuva lavar-lhe a alma. E foi então que ela descobriu a saída: De joelhos. Sim, caminhando de joelhos ela sairia daquela estrada na direção certa.

Para ler ouvindo "On my knees", de Nicole Coleman-mullins
Versão em português, "De joelhos", interpretada por Eduardo e Silvana.

Aline Cândido

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Detalhes


Recentemente pesquisadores descobriram 15 novas espécies de aves na Amazônia. Há alguns anos se a ave encontrada fosse fisicamente diferente das outras era considerada uma espécie nova. Hoje em dia outros critérios "menos visíveis" como sons e canto diferentes são suficientes para diferenciar e catalogar novas espécies.

Que Deus é esse que cria milhares de espécies de aves com infinitas variações de tamanho, forma, cores e sons? Só no Brasil catalogaram até hoje cerca de 1840 espécies (e pelo jeito ainda há outras aves a serem descobertas).

O Deus que caprichou nos detalhes de toda a Criação é o mesmo que deu ordens específicas a Noé para construir a arca:
"Faça uma arca de madeira cipreste; [...] faça-a com 135 m de comprimento, 22 m de largura e 13,5 m de altura. Faça-lhe um teto com um vão de 45 cm entre o teto e o corpo da arca. Coloque uma porta lateral na arca e faça um andar superior, um médio e um inferior" Gênesis 6.14-16

Esse mesmo Deus descreveu em detalhes como deveria ser o tabernáculo (a tenda especial que serviu de templo para os judeus no deserto):
"E farão um santuário para mim e eu habitarei no meio deles. Façam tudo como eu lhe mostrar, conforme o modelo do tabernáculo e de cada utensílio" Êxodo 25.8-9

E nos capítulos seguintes de Êxodo o Grande Arquiteto determina tamanhos, materiais e acabamentos de cada elemento do seu tabernáculo. Tim tim por tim tim.

Você com certeza já olhou para um céu estrelado e não pôde contar a quantidade de estrelas. Pois o Salmo 147.4 diz que Deus "determina o número de estrelas e chama cada uma pelo nome".

Veja o corpo humano e observe como cada coisa tem seu lugar e sua função.

Deus pensou em todos os detalhes.
Ele nos conhece por inteiro (e não superficialmente). Ele se importa.
E se buscarmos a sua orientação para cada detalhe da nossa vida Ele vai dar todas as instruções de que precisamos.

"Desvia os meus olhos das coisas inúteis, faze-me viver nos caminhos que traçaste". Salmo 119.37

Aline Cândido

domingo, 21 de abril de 2013

E agora José?



E agora José?*
Você que é rico e tem tanto dinheiro que pôde comprar um túmulo grande novinho em folha?

E agora José?
Você que é poderoso, homem influente, ilustre membro da mais alta corte dos judeus?

E agora José?
Você que é tido como um homem justo e bom, e que não concordou com a decisão do Sinédrio em condenar a Jesus?

E agora José?
Você que era discípulo dEle no anonimato, com medo das consequências que sofreria se isso viesse a público?

E agora José?
Jesus está morto!

Você que é um homem bom, justo, rico, poderoso, influente e está livre da culpa da morte de Jesus, o que vai fazer agora?

Vai ficar em Arimatéia, permanecer no anonimato e seguir sua vida? Ou vai se posicionar e mostrar a Deus e ao mundo, que encontrou a "pérola de maior valor"** (ou seja, o Reino dos céus) e por ela está disposto a abrir mão de tudo o que tem hoje?

E agora José?

José de Arimatéia é mencionado nos quatro evangelhos como aquele que assumiu o papel de líder no sepultamento de Jesus. José era membro do Sinédrio e deve ter estado ausente quando o voto para a execução de Jesus foi unânime.
"José de Arimatéia dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus" (Marcos 15.43), expressando a sua fé num momento em que até os discípulos mais próximos de Jesus tinham fugido.
José posicionou-se contra a decisão do Sinédrio colocando em risco todo o seu futuro.
Também deixou claro a Pilatos, o governador romano, que não concordava, nem fazia parte do coro que gritou: "Solte Barrabás! Crucifica Jesus!"

A atitude de José fez parte do cumprimento de uma profecia a respeito de Jesus citada em Isaías 53.9:
"Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido nenhuma violência nem houvesse nenhuma mentira em sua boca".

Quantas pessoas passam a vida atrás de riqueza e poder... José de Arimatéia tinha tudo isso e ainda por cima era um homem justo e bom. Ele chegou lá (onde a maioria das pessoas quer chegar).

Mas quando Jesus morreu ele se perguntou: E agora José? O que você vai fazer com a vida que conquistou? O que você vai fazer com a riqueza e o poder que tem nas mãos?

José tomou a decisão mais acertada: usou seu poder e influência para pedir o corpo de Jesus a Pilatos e usou sua riqueza para doar um túmulo e dar um sepultamento digno a um homem inocente, que morreu como um criminoso.

E você José? E você Maria?

Até quando vai correr atrás do vento? "Tudo é ilusão"***, disse Salomão, o homem mais sábio que já existiu.
Até quando vai lamentar por aquilo que não tem ao invés de servir ao Reino com aquilo que Deus já te deu?
Até quando vai preferir ser importante nesse mundo ao invés de usar o que tem para ser importante para o Reino?

E agora José?

Aline Cândido

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*"E agora José?" é um verso do poema "José" de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1942.

**Mateus 13:45-46: "O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou". 

***Eclesiastes 1-1-3: "São estas as palavras do Sábio, que era filho de Davi e rei em Jerusalém. É ilusão, é ilusão, diz o Sábio. Tudo é ilusão. A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando e afinal que vantagem leva em tudo isso?" 

Mateus: 27.57-60: "Ao cair da tarde chegou um homem rico, de Arimatéia, chamado José, que se tornara discípulo de Jesus. Dirigindo-se a Pilatos, pediu o corpo de Jesus, e Pilatos ordenou que lhe fosse entregue. José tomou o corpo, envolveu-o num limpo lençol de linho e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se."

Marcos 15.42-47: "Era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado. Ao cair da tarde, José de Arimatéia, membro de destaque do Sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido. Sendo informado pelo centurião, entregou o corpo a José. Então José comprou um lençol de linho, baixou o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro. Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde ele fora colocado."

Lucas 23.50-56: "Havia um homem chamado José, membro do Conselho, homem bom e justo, que não tinha consentido na decisão e no procedimento dos outros. Ele era da cidade de Arimatéia, na Judéia, e esperava o Reino de Deus. Dirigindo-se a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. Então, desceu-o, envolveu-o num lençol de linho e o colocou num sepulcro cavado na rocha, no qual ninguém ainda fora colocado. Era o Dia da Preparação, e estava para começar o sábado. As mulheres que haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, seguiram José e viram o sepulcro, e como o corpo de Jesus fora colocado nele. Então, foram para casa e prepararam perfumes e especiarias aromáticas. E descansaram no sábado, em obediência ao mandamento."

João 19:38-42: "Depois disso José de Arimatéia pediu a Pilatos o corpo de Jesus. José era discípulo de Jesus, mas o era secretamente, porque tinha medo dos judeus. Com a permissão de Pilatos, veio e levou embora o corpo. Ele estava acompanhado de Nicodemos, aquele que antes tinha visitado Jesus à noite. Nicodemos levou cerca de trinta e quatro quilos de uma mistura de mirra e aloés. Tomando o corpo de Jesus, os dois o envolveram em faixas de linho, juntamente com as especiarias, de acordo com os costumes judaicos de sepultamento. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim; e no jardim, um sepulcro novo, onde ninguém jamais fora colocado. Por ser o Dia da Preparação para os judeus e visto que o sepulcro ficava perto, colocaram Jesus ali."

sexta-feira, 15 de março de 2013

Quem é humilde levanta a mão!


Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’.
"Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.
"Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.
Lucas 18:10-14

Os fariseus eram um grupo de judeus ultraconservadores, se apegavam às tradições, eram vigilantes da Lei Mosaica e foram chamados de hipócritas várias vezes na Bíblia, por viverem uma religiosidade de aparências.

Os publicanos eram os cobradores de impostos. Eles não eram muito populares pois "tiravam" dos judeus para dar ao império romano. Alguns deles eram corruptos e cobravam das pessoas além do que era justo. Nos evangelhos temos dois publicanos que se converteram: o apóstolo Mateus e Zaqueu.

Recentemente tenho pensado muito sobre humildade. Como encontrar o equilíbrio entre os extremos (humildade/modéstia X altivez/orgulho)?

Essa parábola é rica em detalhes. O fariseu não estava orando em voz alta, mesmo em silêncio ele se exaltava:  
- "Deus, eu te agradeço…" - o início da oração tinha uma aparência de humildade, mas a continuação nos mostra que o fariseu estava "se achando".
- "Não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros, nem mesmo como este publicano" - além de se exaltar, ele se comparou e rebaixou os outros.
- "Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho"- naquela época, o único jejum prescrito na lei de Moisés era o do Dia da Expiação, portanto o fariseu achava que, jejuando duas vezes por semana, era melhor que os demais.

"O publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador'".
- O publicano olhou somente para si. Nem mesmo para o céu ele quis olhar. E quando ele olhou com sinceridade para si próprio, enxergou a realidade: era pecador e precisava da misericórdia de Deus.
Jesus termina a parábola dizendo que o que foi para casa justificado foi o publicano. "Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado."

Humildade/Orgulho é umas das áreas mais perigosas e com linhas divisórias tênues que o ser humano pode cruzar.

Alguém pode ter a aparência de humilde e ser, na verdade, alguém com baixa auto-estima. Alguém pode parecer orgulhoso e na verdade, ser alguém com a auto-estima equilibrada. Alguém pode exaltar-se a si mesmo, ainda que não se compare com outros.

A Bíblia tem vários versículos para nos ajudar a encontrar o equilíbrio.
 
"Se alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém, pois cada um deverá levar a própria carga." Gálatas 6.3-5

Ninguém precisa se fazer de "coitado", ao contrário, a bíblia diz para cada um examinar os próprios atos e orgulhar-se de si mesmo (conhecer o seu valor). E devemos fazer isso sem fazer comparações com outras pessoas. Essa é a linha tênue que falei acima. Como "orgulhar-se de si mesmo" sem perder a humildade? Talvez por isso, ainda em Gálatas, uns versículos adiante, Paulo diz: "Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…" (Gálatas 6.14). Afinal, do que devemos nos orgulhar, se tudo o que temos e somos vem do Senhor?

Outro versículo importante sobre o assunto é o que está em Provérbios 27.2. Ele me equilibra bastante quando penso em humildade. 

"Que outros façam elogios a você, não a sua própria boca; outras pessoas, não os seus próprios lábios." Provérbios 27.2

Podemos conhecer nosso valor, nossos pontos fortes e fracos, mas nem por isso precisamos fazer propaganda aos outros, elogiando a nós mesmos. A bíblia repete duas vezes no mesmo versículo: que os outros façam elogios a você, não você mesmo!

Em João 5.31, Jesus diz: "Se testifico acerca de mim mesmo, o meu testemunho não é válido." O elogio de alguém sobre mim tem muito mais peso do que eu mesma falando das minhas qualidades. Pense nisso!

Por fim, o maior exemplo de humildade e equilíbrio que a bíblia nos dá é o próprio Jesus.
Ainda quando Jesus era apenas profecia, já se falava de sua humildade.

"Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta." Zacarias 9:9

Jesus, o filho de Deus, Salvador e Rei, aquele que poderia se gloriar de ser quem era, foi HU-MIL-DE. E tem gente que por muito menos sobe no salto alto e se acha a última bolacha do pacote.

"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." Filipenses 2:5-11

Aprendamos com o Mestre, que é manso e humilde de coração (Mateus 11.29).

E você, o que tem a dizer sobre humildade? Compartilhe comigo!

Aline Cândido

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Mateus 11:29: Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.