quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Confiança


Quem me conhece sabe que eu gosto sempre de ter o mapa nas mãos. Gosto de saber onde vamos, como vamos e quando vamos chegar. CONTROLE. Não conheço um ser humano que não goste de ter um mínimo de controle sobre a própria vida.
 

Quando começamos a caminhar com Deus as coisas mudam um pouco de figura. Quando o Espírito Santo passa a habitar em nós, Ele nos alerta muitas vezes e nos mostra o caminho que devemos seguir. Depois de orar e consultar Deus, muitas vezes já senti no coração uma inclinação para mudar de direção. Outras vezes Deus falou comigo através de alguma palavra que li na Bíblia ou escutei em pregações. “Essa palavra foi pra mim!”. Qual cristão já não passou por isso ao ouvir alguma mensagem que tocou profundamente seu coração? Outras pessoas experimentam visões e sonhos que servem de alerta para uma situação no futuro. 


Mas não são raros os momentos em que parece que Deus está mudo. A gente clama, ora, jejua, lê a Bíblia, louva, ouve pregações e nada. Nenhum quentinho no coração, nenhuma paz que aponta a direção, nenhum sinal, nenhuma certeza de que caminho seguir, de como agir, de que rota escolher diante de uma bifurcação. 


Algumas vezes Deus nos ensina previamente, outras vezes nos ensina pelo caminho. 


“Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte...” diz Davi no Salmo 23. 


Deus não poderia livra-lo de passar pelo vale? Certamente sim. Mas Deus escolheu conduzi-lo pelo vale, ensina-lo na dificuldade. 


“… não terei medo de nada. Pois Tu, ó Senhor Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges” Salmo 23.4


Você já passou por isso? Já lamentou não ouvir a voz de Deus e passar por situações difíceis na vida? Eu já. Mas agora sei que Deus está comigo, me conduzindo e ensinando em meio às dificuldades. Em todas as situações Deus nos ensina a confiar nEle. Leva uma vida para aprendermos!


“Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus” 1Tessalonicenses 5.16



Aline Cândido

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Extraordinariamente comum


Às 7h51 de janeiro de 2007, um jovem músico se posicionou encostado em uma parede de uma estação de metrô em Washington, D.C. Ele vestia jeans, camiseta de manga longa e um boné de beisebol. Abriu a caixa do violino, pegou o instrumento, atirou alguns dólares e umas moedas na caixa, para servirem de chamariz, e começou a tocar.

Em 43 minutos, ele tocou 6 músicas clássicas. 1.097 pessoas passaram por ele. Deram-lhe no total US$ 32,17 em dinheiro. Das 1.097 pessoas, apenas 7 pararam mais do que 60 segundos. E somente uma reconheceu o violinista Joshua Bell.

Três dias antes desse experimento, Bell lotou a Symphony Hall de Boston, cujo ingresso custava cem dólares. Duas semanas depois, ele tocou para uma plateia em Bethesda, Maryland, sendo que só havia lugares em pé. Talentos como Joshua Bell podem fazer jus a mil dólares por minuto. Naquele dia no metrô, ele nem chegou a ganhar o suficiente para comprar um par de sapatos baratos.

Você não pode culpar o instrumento. Bell tocou um Stradivarius feito no período áureo da carreira de Stradivari. Vale 3,5 milhões de dólares. Você não pode culpar a música. Ele tocou lindamente uma composição de Johann Sebastian Bach que Bell define como "uma das maiores realizações de algum homem na história".

Mas quase ninguém reparou. Nada majestoso era esperado naquele contexto. Um engraxate de um lado, um quiosque do outro. Pessoas comprando revistas, jornais, barras de chocolates e bilhetes de loteria. E quem tinha tempo? Quem tinha tempo para reparar na beleza em meio a tanta ocupação? A maioria não tinha.”

Max Lucado, autor do livro onde esse texto foi publicado (Faça a vida valer a pena), aponta para o fato de que com a correria do dia-a-dia não reparamos nas pessoas ao nosso redor e em suas necessidades. E que um dia, da perspectiva divina, vamos olhar para trás e perceber que era Jesus tocando o violino. Era Jesus vestindo roupas esfarrapadas, no orfanato, na cadeia, no barraco feito de papelão. E como disse Jesus: "quando fizeram [o bem] ao menor destes meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. Mateus 25.40

Jesus, abra nossos olhos para enxergar a beleza do extraordinário em dias comuns!

Aline Cândido

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Memórias



Estou de volta à casa dos meus pais por alguns dias. Curioso que eu não sou uma pessoa com boa memória, mas é fato que algumas lembranças ficam gravadas na alma e não só na mente. Durante os últimos dias várias delas saltaram diante de mim.

Enquanto tomo café da manhã na mesa da cozinha, volto alguns anos e me lembro exatamente do momento em que, estando eu ali sozinha, fiz uma oração provocativa: "Se você existe mesmo, me mostre!" E no mesmo instante senti um abraço quente e envolvedor. Não daqueles que sentimos quando tocamos alguém. É difícil explicar, eu fui tocada, e ficou gravado na minha alma. Eu nunca mais fui a mesma depois daquele dia!

Deito na cama que era minha desde a juventude e mesmo de olhos fechados posso ver a Aline jovenzinha que passava horas 'devorando' a Bíblia, como alguém que passava fome há anos e encontrou um banquete. Lembro também de alguns sonhos recorrentes que marcaram essa época.

Na sala vejo o móvel que hoje é só um rack com gavetas e lembro do móvel que antes ocupava esse lugar. Nele tinha um aparelho de som que eu usava nas madrugadas, bem baixinho, para ouvir louvores e orar prostrada no chão, com o ouvido próximo à caixa de som.

Lembro-me de quantas lutas e quantas alegrias vivi debaixo desse teto que sempre me abriga, e de como minha vida ganhou brilho e sentido quando encontrei Jesus.

Se eu, que sou desmemoriada, lembro de todas essas coisas, posso crer convicta que Deus lembra de muito mais! Diz a bíblia que Ele ouve nossas orações e recolhe todas as nossas lágrimas. Cada uma delas é importante para Ele!

"Conheces bem todas as minhas angústias; recolheste minhas lágrimas num jarro e em teu livro registraste cada uma delas." Salmos 56.8

Também diz que Deus nos vê no secreto e que nos recompensa. 

"Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará." Mateus 6.6

"Fique tranquila, Aline", eu digo para mim mesma, "tudo aquilo que acontece no silêncio, no escuro, nos bastidores, não passa despercebido pelos olhos do seu Deus".

Como é bom poder lembrar de tudo isso e sentir o coração quentinho de gratidão.

Aline Cândido

domingo, 5 de julho de 2020

Mortos que falam




“[Abel] Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.”
‭‭Hebreus‬ ‭11:4‬ ‭NVI‬‬

O que falarão de mim no meu velório? Você também pensa sobre isso? Eu sim! Já fui a velórios onde o silêncio predominava. Mas também já fui a velórios onde pessoas contavam histórias pessoais sobre o falecido com um sorriso respeitoso no rosto.

Ouço muitas histórias de gente que já se foi e que mesmo depois de muitos anos ainda é lembrada e homenageada em conversas,
suas ações são contadas e usadas para ensinar as gerações mais novas. Você conhece gente assim? Que “embora esteja morto”, ainda fala?

A fé é uma das maneiras disso acontecer. Por meio da fé nós agimos e deixamos marcas imortais na história. Foi assim com Abel, ele tinha fé, agradou a Deus com seu sacrifício e deixou seu rastro para o futuro.
Com a graça de Deus também seremos lembrados e nossa história (ou ao menos parte dela) será contada às próximas gerações.

Aline Cândido

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Desconectados


Tudo começou quando o ser humano disse: deixa que eu cuido disso sozinho!
Na verdade não foi o começo, foi o fim. Deixar Deus de lado foi como assinar a própria sentença de morte. E viver sem Ele é como esperar pela execução da sentença.

Dias atrás fiquei paralisada por algumas imagens que vi - a nuvem de gafanhotos na Argentina e milhões deles devorando uma árvore.
Fui procurar saber a causa (cientificamente comprovada) desse fenômeno e um dos motivos é o manejo incorreto de fertilizantes, que acaba exterminando os predadores naturais do gafanhoto.
É o homem interferindo na cadeia alimentar e desequilibrando o planeta que foi dado aos seus cuidados.

O problema é antigo e se repete todo dia. O homem que dispensa a companhia de Deus bate cabeça e nem se dá conta disso.

Jogar Deus pra escanteio é como respirar um ar rarefeito. Você até sobrevive por um tempo, mas caminha cansado, sem forças... mesmo que não se dê conta disso.

Fora dEle não há vida. Deus é a própria vida. E enquanto nos distraímos por aqui, a vida passa... a vida acaba... a sentença é executada.

Há alguns anos eu me rendi. Eu entendi que estava caminhando lenta e continuamente em direção à morte. Não me peça pra explicar, eu tentaria mas provavelmente não te convenceria. Deus não é alguém que se acessa pelas habilidades, inteligência e condições humanas. Mas de alguma forma misteriosa, Ele chegou até mim e eu a Ele. E nós nos demos as mãos e juntos mudamos a rota.
Há quase 20 anos eu caminho para a vida. Eu não só caminho em direção a ela mas também vivo todos os dias abraçada com a vida que Deus me deu, vivendo com a graça e a sabedoria que Ele me dá todos os dias da minha vida. E é tão diferente e especial viver com Deus!

Não sei se o fim do mundo está próximo mas parece que o ser humano mesmo está acelerando o processo.

“Mas agora, diz o Senhor, “voltem-se para mim, enquanto ainda há tempo. Entreguem-se a mim de todo o coração, com jejum, lamento e choro. Rasguem os seus corações e não apenas as suas roupas. Voltem para o Senhor, o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo. Ele é paciente e cheio de amor e está sempre pronto a arrepender-se e não castigar.”
‭‭Joel‬ ‭2:12-13‬ ‭NBV-P‬‬

Texto: Aline Cândido 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O poder na sua boca




Eu estava no meio da natureza, entre o mar e o morro coberto pela Mata Atlântica. Saí pra caminhar cedinho, aproveitando o sono pesado dos outros ocupantes do quarto (leia-se filhos e marido). 
Convidei Deus para um passeio e parece que Ele foi mesmo comigo. Coincidentemente naqueles dias eu tinha relido os textos que descrevem a criação do mundo:

“No princípio… a terra era sem forma e vazia… então Deus DISSE: ‘Haja luz’, e houve luz.” Gênesis 1.1-3

Deus DISSE… e assim tudo foi criado: luz, terra, céu, mares, vegetação, animais, estrelas e o próprio ser humano. Continuei caminhando pela praia olhando e admirando a paisagem, quando saltou na minha mente a seguinte frase escrita por uma amiga: “Imagine ter uma voz que faz com que as coisas aconteçam? Que palavra poderosa!”. 

Também me veio à mente um outro versículo: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós.”(Gênesis 1.26).

Liguei uma frase à outra e me questionei: já que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, será que nossa palavra também tem poder?

Parece que sim! Não esse poder de criar coisas materiais do absoluto zero apenas dando uma ordem, feito mágica, mas a nossa palavra tem poder para construir ou destruir preciosidades. Palavras são sementes. Palavras são eternas!

Com nossas palavras podemos construir bons relacionamentos com as pessoas ao nosso redor, ou talvez destruir esses mesmos relacionamentos se não fizermos bom uso delas.

Pense: quando foi a última vez que você recebeu um elogio, e qual foi o efeito desse elogio em você? 
Agora pense, quando foi a última vez que você elogiou alguém? Pense também nas vezes em que você ficou calado, sem se posicionar. 

Perto de você certamente tem alguém que está sendo abençoado pelas suas palavras. Também deve ter alguém que está sendo prejudicado por elas. E pode ser ainda que a pessoa ao seu lado esteja minguando pelo seu silêncio. Palavras alimentam. A ausência delas causam fome, desnutrição, principalmente naqueles que mais amamos e que nos são mais próximos! 

O que estamos construindo, destruindo ou deixando de construir pelas nossas palavras?

“A língua tem poder para trazer morte ou vida” Provérbios 18.21

“Que todas as suas palavras sejam boas e úteis, a fim de dar ânimo àqueles que as ouvirem.” Efésios 4.29

Como você vai usar esse superpoder hoje?

Aline Cândido


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A loucura do Sábado




Recentemente meus pais e irmã voltaram de uma viagem à Israel. Uma das coisas que os surpreenderam foi a forma rigorosa como o judeu guarda o sábado. No hotel em que estavam hospedados não havia leite quente no café da manhã no sábado, pois o funcionário que esquentava o leite era judeu e não trabalha nesse dia. Os elevadores eram programados para parar em todos os andares, pois um judeu não poderia apertar um botão no sábado, o que caracterizaria esforço, trabalho.

Guardar o Sábado é o 4º dos 10 mandamentos descritos em Êxodo 20, e esse nunca foi um assunto resolvido para mim. Afinal de contas, o que é guardar o Sábado? 

Jesus quando veio a esse mundo tentou ser bem didático com a questão do Sábado. Ele demonstrou com palavras e ações, ser contra o modo como os fariseus entendiam o Sábado. Ele nos mostrou uma outra perspectiva.

Foi num Sábado que Ele curou um aleijado, e também num Sábado que seus discípulos debulharam espigas de trigo para comer. Foi numa dessas ocasiões que Ele disse: “O Sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do Sábado” (Marcos 2.27-28).

Shabat (ou Sábado) significa descanso. Simboliza o 7º dia da criação em Gênesis, onde o próprio Deus descansou e contemplou o que tinha feito.

Os judeus que peregrinavam no deserto em direção à Terra Prometida, recebiam porção dobrada do maná na sexta-feira (o pão que caía do céu), para que não precisassem trabalhar no Sábado - era Deus que os alimentava.

Guardar o Sábado é mais do que não fazer nada. É descansar em Deus. É aquele tempo (dia, hora, momento) em que você pára de produzir, de trabalhar, para simplesmente descansar em Deus. Confiar que Ele vai prover o que você precisa. É entender que sua vida não depende exclusivamente de você, do seu empenho, do seu trabalho, das suas forças. Não! “Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda. Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O Senhor concede o sono àqueles a quem Ele ama”, diz o Salmo 127.1-2

Sábado é um tempo para desfrutar da graça de Deus. Nosso trabalho tem limites, existem coisas que nosso esforço, força e competência não conseguem produzir, mas Deus está dizendo: descanse, eu já fiz por você! Desfrute do meu favor e da minha generosidade. Você consegue?

Guardar o Sábado é muito mais do que não fazer nada em um dia específico da semana. Isso é fácil! Difícil é ter uma mente sabática! Uma mente (e um corpo) que sabe a hora de parar e “simplesmente” descansar e confiar em Deus. 

Se para alguns guardar o Sábado ao modo judaico parece loucura, para outros pode parecer louco aquele que cruz os braços para dar lugar a um Deus que nunca dorme, e que tem prazer em abençoar os que nEle confiam. 

Eu quero ser essa “louca”, e você?

Aline Cândido