quinta-feira, 30 de julho de 2020

Extraordinariamente comum


Às 7h51 de janeiro de 2007, um jovem músico se posicionou encostado em uma parede de uma estação de metrô em Washington, D.C. Ele vestia jeans, camiseta de manga longa e um boné de beisebol. Abriu a caixa do violino, pegou o instrumento, atirou alguns dólares e umas moedas na caixa, para servirem de chamariz, e começou a tocar.

Em 43 minutos, ele tocou 6 músicas clássicas. 1.097 pessoas passaram por ele. Deram-lhe no total US$ 32,17 em dinheiro. Das 1.097 pessoas, apenas 7 pararam mais do que 60 segundos. E somente uma reconheceu o violinista Joshua Bell.

Três dias antes desse experimento, Bell lotou a Symphony Hall de Boston, cujo ingresso custava cem dólares. Duas semanas depois, ele tocou para uma plateia em Bethesda, Maryland, sendo que só havia lugares em pé. Talentos como Joshua Bell podem fazer jus a mil dólares por minuto. Naquele dia no metrô, ele nem chegou a ganhar o suficiente para comprar um par de sapatos baratos.

Você não pode culpar o instrumento. Bell tocou um Stradivarius feito no período áureo da carreira de Stradivari. Vale 3,5 milhões de dólares. Você não pode culpar a música. Ele tocou lindamente uma composição de Johann Sebastian Bach que Bell define como "uma das maiores realizações de algum homem na história".

Mas quase ninguém reparou. Nada majestoso era esperado naquele contexto. Um engraxate de um lado, um quiosque do outro. Pessoas comprando revistas, jornais, barras de chocolates e bilhetes de loteria. E quem tinha tempo? Quem tinha tempo para reparar na beleza em meio a tanta ocupação? A maioria não tinha.”

Max Lucado, autor do livro onde esse texto foi publicado (Faça a vida valer a pena), aponta para o fato de que com a correria do dia-a-dia não reparamos nas pessoas ao nosso redor e em suas necessidades. E que um dia, da perspectiva divina, vamos olhar para trás e perceber que era Jesus tocando o violino. Era Jesus vestindo roupas esfarrapadas, no orfanato, na cadeia, no barraco feito de papelão. E como disse Jesus: "quando fizeram [o bem] ao menor destes meus irmãos, foi a mim que o fizeram”. Mateus 25.40

Jesus, abra nossos olhos para enxergar a beleza do extraordinário em dias comuns!

Aline Cândido

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Memórias



Estou de volta à casa dos meus pais por alguns dias. Curioso que eu não sou uma pessoa com boa memória, mas é fato que algumas lembranças ficam gravadas na alma e não só na mente. Durante os últimos dias várias delas saltaram diante de mim.

Enquanto tomo café da manhã na mesa da cozinha, volto alguns anos e me lembro exatamente do momento em que, estando eu ali sozinha, fiz uma oração provocativa: "Se você existe mesmo, me mostre!" E no mesmo instante senti um abraço quente e envolvedor. Não daqueles que sentimos quando tocamos alguém. É difícil explicar, eu fui tocada, e ficou gravado na minha alma. Eu nunca mais fui a mesma depois daquele dia!

Deito na cama que era minha desde a juventude e mesmo de olhos fechados posso ver a Aline jovenzinha que passava horas 'devorando' a Bíblia, como alguém que passava fome há anos e encontrou um banquete. Lembro também de alguns sonhos recorrentes que marcaram essa época.

Na sala vejo o móvel que hoje é só um rack com gavetas e lembro do móvel que antes ocupava esse lugar. Nele tinha um aparelho de som que eu usava nas madrugadas, bem baixinho, para ouvir louvores e orar prostrada no chão, com o ouvido próximo à caixa de som.

Lembro-me de quantas lutas e quantas alegrias vivi debaixo desse teto que sempre me abriga, e de como minha vida ganhou brilho e sentido quando encontrei Jesus.

Se eu, que sou desmemoriada, lembro de todas essas coisas, posso crer convicta que Deus lembra de muito mais! Diz a bíblia que Ele ouve nossas orações e recolhe todas as nossas lágrimas. Cada uma delas é importante para Ele!

"Conheces bem todas as minhas angústias; recolheste minhas lágrimas num jarro e em teu livro registraste cada uma delas." Salmos 56.8

Também diz que Deus nos vê no secreto e que nos recompensa. 

"Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará." Mateus 6.6

"Fique tranquila, Aline", eu digo para mim mesma, "tudo aquilo que acontece no silêncio, no escuro, nos bastidores, não passa despercebido pelos olhos do seu Deus".

Como é bom poder lembrar de tudo isso e sentir o coração quentinho de gratidão.

Aline Cândido

domingo, 5 de julho de 2020

Mortos que falam




“[Abel] Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.”
‭‭Hebreus‬ ‭11:4‬ ‭NVI‬‬

O que falarão de mim no meu velório? Você também pensa sobre isso? Eu sim! Já fui a velórios onde o silêncio predominava. Mas também já fui a velórios onde pessoas contavam histórias pessoais sobre o falecido com um sorriso respeitoso no rosto.

Ouço muitas histórias de gente que já se foi e que mesmo depois de muitos anos ainda é lembrada e homenageada em conversas,
suas ações são contadas e usadas para ensinar as gerações mais novas. Você conhece gente assim? Que “embora esteja morto”, ainda fala?

A fé é uma das maneiras disso acontecer. Por meio da fé nós agimos e deixamos marcas imortais na história. Foi assim com Abel, ele tinha fé, agradou a Deus com seu sacrifício e deixou seu rastro para o futuro.
Com a graça de Deus também seremos lembrados e nossa história (ou ao menos parte dela) será contada às próximas gerações.

Aline Cândido