Homens passivos, mulheres agressivas. Esse é o título de um livro do psicanalista Pierre Mornell, escrito em 1979. Apesar de ter sido escrito há mais de 30 anos, o tema continua atual (alguém duvida?). Ele descreveu algo comum à maioria de seus clientes: casais em que o homem é ativo, articulado, enérgico e bem sucedido no trabalho, mas em casa completamente passivo, apático e indiferente. Mulheres, que, trabalhando fora ou não, são atraentes, boas mães, respeitadas por outras mulheres, mas em casa são agressivas.
Você já viu essa cena? O marido chega em casa cansado, ansioso por deitar no sofá e assistir um pouco de TV para relaxar. Ele quer ficar sozinho e quieto. A esposa, que passou o dia todo longe dele, pensa “Eu preciso mais de você, mas você parece não ligar para o que eu sinto”. Ele dá sinais de cansaço, ela dá sinais de que precisa dele. Ele ignora, ela dá sinais mais claros. Ele recua ainda mais, ela se torna agressiva.
O homem só quer descansar e a mulher se sente sozinha, afinal tem tantas coisas para resolver! Ela acha que se esforça sozinha para levar o casamento adiante. Por seu marido ser passivo, ela se vê obrigada a tomar sozinha todas as decisões sobre as finanças, as crianças, o jantar, as férias…
Você já viu essa cena? Duvido que não. Se não viu em sua própria casa, deve ter visto próximo a você. A cena se repete há anos em diferentes famílias, de diferentes lugares. Mas quais são as causas desse comportamento em massa?
É difícil responder, mas Charlles R. Swindoll dá algumas possíveis respostas que eu gostaria de compartilhar aqui.
1º) Homens e mulheres são diferentes e essas diferenças são ressaltadas quando casam. Os extremistas do movimento feminista na década de 60/70 tentaram igualar homens e mulheres. Isso nunca será possível! Deus criou homens e mulheres para pensar, sentir e agir de maneiras diferentes! Saber disso é o primeiro passo para evitar problemas. É preciso se colocar no lugar do parceiro, respeitar e compreender essas diferenças.
Existe um vídeo ótimo que explica o funcionamento do cérebro masculino e feminino. Assista e você vai dar boas risadas.
2º) Não existem “almas gêmeas”. Não existe mágica, a harmonia no casamento é construída pouco a pouco e dá trabalho! Um bom casamento não existe sem uma comunicação honesta, profunda e regular. Isso é importante, leia de novo! A comunicação deve acontecer todos os dias, não ser superficial e ser transparente. Não é apenas falar, mas também ouvir. Não é apenas ouvir, mas também escutar (com interesse) o que o outro tem a dizer.
3º) É preciso investir no casamento mais do que esperamos receber em troca. É preciso trazer de volta ao nosso vocabulário uma palavra que está meio esquecida: altruismo. Ser altruísta é se dedicar aos outros em primeiro lugar. Durante o dia nos dedicamos às nossas atividades com afinco, mas nos esquecemos que o casamento exige a mesma porção de dedicação para dar certo.
Quando nos damos conta a falta de comunicação no casamento criou um distanciamento e uma frieza que só cresce a cada dia, como uma bola de neve. Pequenos e grandes deslizes não são perdoados e o diabo ganha espaço para destruir a família.
Um bom remédio para sair dessa síndrome passiva/agressiva é tirar alguns dias para ficar junto com o parceiro – sem filhos, sem TV, sem computador, sem amigos, sem compromissos… Para alguns pode ser fácil, para outros, difícil, mas com certeza essas pequenas atitudes ajudarão a construir um casamento saudável, onde homem e mulher ocupam seus papéis sem conflitos.
“Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.” (Efésios 4.31-32)
Aline Cândido
- Pierre Mornell, homens passivos, Mulher Selvagem (New York: Ballantine Books, 1979, 1980, 1981), 1-2.
- Passive Men, Wild Women por Charles R. Swindoll (http://www.insight.org/library/articles/marriage/passive-men-wild-women.html)